quarta-feira, 5 de abril de 2017

Crítica: Vigilante do Amanhã Ghost in the Shell

Dia 4 de abril de 2017 eu vi um combo de Vigilante do Amanhã Ghost in the Shell e Power Rangers, uma sessão seguida da outra, e foram duas ótimas experiências. Primeiro vamos falar sobre Ghost in the Shell.

Vigilante do Amanhã Ghost in the Shell é uma adaptação do universo de mesmo nome, criado por Masamune Shirow, inicialmente como mangá, que ficou famoso em 1995 ao ser adaptado em um longa animado dirigido por Mamoru Oshii, que em 2004 ganhou uma continuação, uma série em anime com duas temporadas de 26 episódios, que não tem uma cronologia específica com os dois primeiros longas, mais um filme no universo desse anime, e mais alguns outros que também são independentes, ou seja, é coisa pa carai, mas uma coisa de nicho. Essa adaptação americana, foi meio que uma mistura disso tudo, transpondo para live action alguns momentos do primeiro longa de 1995, que é o mais famoso, e trazendo alguns conceitos da série animada e do mangá.
Vigilante do Amanhã Ghost in the Shell obviamente é bem inferior a animação de 1995, mas ainda assim é um bom filme, pelo menos eu achei. Dado o tamanho da treta que eles tinham na mão, em adaptar algo extremamente nichado, uma história muito conceitual, super filosófica e complexa, que consiga agradar esse nicho amante da franquia e o público geral, sem descaracterizar demais, pois isso geraria o rage desses fãs que prezam tanto pela obra. E de certa forma eles conseguiram e por mais que tenham se esforçado pra agradar a todos, muita gente é capaz de chiar com essa adaptação. Há quem conheça Ghost in the Shell e vá se incomodar com a diferença de abordagens, no filme original a Motoko não se importa com o passado dela, aqui a jornada em busca do passado é o plot principal. Dentro disso temos um filme que presta homenagens a momentos marcantes de sua origem, enquanto monta seu próprio universo.
Eu senti que de certa forma esse filme e o de 1995 se complementam, é interessante ver o longa animado antes de ver esse filme novo, de preferência logo antes. A Scarlett não tem o que falar, está linda e é uma ótima robô, o Batou ficou excelente, o ator fez mix de todas as versões dele, a mais séria dos filmes e a mais brincalhona do mangá e do anime, Takeshi Kitano como o Aramaki falando japonês é muito gostoso de ouvir, eu adoro como ele parece estar sempre atuando no modo "foda-se" em todos os filmes que faz, sem demonstrar sentimento algum, sempre intimidador, o tipo cara que você teria medo de contrariar, o Togusa também é feito por um oriental, Chin Han, e curti isso, já que ele é um dos personagens que eu mais gosto, é o único humano puro na Sessão 9 e se orgulha disso, COLOCARAM ATÉ MULLET NELE! A Juliette Binoche, é outra que só de olhar pra ela ja me sinto feliz, uma ótima atriz que sempre manda bem, aqui ela faz a Dr. Ouelet responsável por construir a Major, e por fim temos o Michael Pitt como o vilão Kuze, que é meio um misto de outros personagens da franquia, faz um trabalho OK dentro do que é dado pra ele, o legal do personagem é o visual e como ele é meio "capenga" e tem falhas na voz enquanto fala.
Então entraremos na polêmica. Sim, eu vou entrar, e você pode não gostar da minha opinião. O WHITEWASHING! Eu de fato acredito que ele exista aqui, mesmo sendo algo justificado dentro da trama, ainda está ali, ainda pegaram uma personagem que se chama Motoko Kusanagi, que mora em Tóquio e é cheia de companheiros japoneses, e transformaram em uma ocidental pra atrair mais público, e não adianta você tentar justificar isso, não deixa de ser um problema. Mas como falei ali em cima, dada o tamanho da treta, um filme com um orçamento alto, se não tivesse um retorno seria um problemão, e como Hollywood em se tratando de blockbusters super caros, eles precisam se preocupar em manter um mínimo de lucro, logo chamaram uma atriz de renome pro papel principal, poderia ter sido uma oriental? Sim, com certeza. E existem muitas atrizes competentes que poderiam ter feito a Motoko, a Rinko Kikuchi por exemplo, a japinha do Pacifc Rim, ela é ótima, ja vi vários filmes mais independentes com ela, e a menina manda muito bem. Isso melhoraria o filme? Talvez deixasse o ambiente mais familiar, mas com certeza se fosse o mesmo roteiro, ia continuar sendo menos profundo que o original. O fato é que Hollywood quando se trata de filmes caros eles não estão muito preocupados em qualidade de roteiro e coisas do tipo, e sim em ganhar dinheiro, tanto que eles tem receio de adaptar com muito mais fidelidade, algo complexo como Ghost in the Shell, porque além de tudo eles acham que o público geral (No caso, nós, ou se você não se considera público geral, a sua mãe, pai, avó) é burro demais pra entender algo do tipo. Eu sei que o mercado é assim, grandes investimentos precisam ter retorno e de preferência muito maior do que o que foi investido, e pra isso medidas que não agradam a todos são tomadas, capitalismo funciona assim, mas não sou obrigado a achar isso legal.
"Não mande um coelho matar uma raposa"

Uma coisa que precisa ser dita é sobre o visual cyberpunk. Eu amo cyberpunk e infelizmente é algo muito escaço em Hollywood, então qualquer obra que tenha esse aspecto, sempre valorizo muito. E aqui eles fazem isso de maneira linda. NEON! pra todos os lados, hologramas gigantes no meio da cidade, tecnologias diversas, próteses robóticas, e mais NEON!, só faltaram mesmo os "dirizíveis" com NEON! e telões de propaganda. Para amantes do gênero é de encher os olhos. E graças a isso o 3D é maneiro, vale a pena conferir.
No demais Ghost in the Shell é esforçado em agradar o fã, o pessoal que reclama de whitewashing (mesmo que isso possa falhar ou até piorar dependendo de opiniões) e o público geral. Pessoalmente estou muito interessado em ver mais desse universo no cinema com os efeitos especiais maravilhosos que blockbusters de Hollywood podem nos oferecer, principalmente em uma realidade cyberpunk com NEON! pa caraio!